Aviação agrícola
Vários fatores positivos tornam as aplicações aéreas imprescindíveis para a manutenção e o desenvolvimento da agricultura brasileira. Podemos citar a ocorrência de pragas, doenças e ervas daninhas de grande agressividade e velocidade de multiplicação, que necessitam de tratamento rápido com periodicidade curta em áreas de grande extensão.
Exemplos claros da urgência dessas aplicações são os tratamentos para o controle do Mal de Sigatoka Negra na cultura da banana, do Bicudo do Algodoeiro, da Helicoverpa armigera e das Spodopteras em todas as culturas, da Ferrugem e dos Percevejos da Soja, da aplicação dos herbicidas em pós-emergência, principalmente nos anos com verão mais chuvoso.
Os prejuízos provocados pelas explosões dessas pragas, doenças e ervas incontroladas podem superar 50% do potencial produtivo das nossas lavouras.
A possibilidade de aplicação dos defensivos nos intervalos das chuvas e nos finais de ciclo das culturas sem prejudicar o sistema radicular ou a lavoura desenvolvida é uma grande vantagem das aplicações aéreas.
O amassamento da lavoura de soja pelo tratamento terrestre provoca um prejuízo de três a cinco sacas por hectare, além de ser um grande disseminador de pragas e doenças.
No caso da cultura da banana em especial, é a forma mais eficiente de atingir as folhas superiores infectadas pela Sigatoka Negra.
O avião, quando bem calibrado, pode produzir neblinas de gotas mais finas e homogêneas que os equipamentos terrestres, graças ao uso de equipamentos especiais (atomizadores rotativos de tela ou de discos). Eles possibilitam a utilização de volumes reduzidos de calda, maior cobertura das áreas a ser tratadas, menor espaço de tempo entre detecção e controle do problema fitossanitário, precisão cirúrgica na aplicação com os recursos disponíveis de DGPS, menor utilização de mão de obra.
Comparadas com as aplicações terrestres convencionais, as neblinas das aplicações aéreas têm maior penetração na copa das plantas e deixam maior deposito de defensivos nas folhas, do que no solo, diminuindo a endoderiva.
A dessecação das lavouras antes da colheita é outra operação onde o avião é indispensável nas grandes extensões cultivadas no Brasil. É impossível dissecar 35 milhões de hectares de soja apenas com equipamentos terrestres. E sem a dissecação não é possível colher a enorme massa verde das folhas que estão nas culturas no final da safra.
Já existe no Brasil conhecimento técnico e equipamentos de última geração para monitorar as neblinas com potencial de risco de deriva e também equipamentos embarcados em aviões e tratores capazes de medir e sinalizar as condições de inversão térmica quando elas ocorrem durante as aplicações.
Portanto, é possível aplicar com segurança e eficiência utilizando as aeronaves, basta seguir as normas técnicas e respeitar o meio ambiente. Fundamental é manter discussões técnicas, sem preconceitos infundados, sobre os mitos e as verdades da aviação agrícola, hoje uma das mais importantes ferramentas para o controle de pragas e doenças. Sem ela, existe o risco de comprometer seriamente o fornecimento de alimentos para a população que, muitas vezes, por desinformação, critica o seu uso.
* Agnaldo José de Oliveira é engenheiro agrônomo, coordenador de aviação agrícola da CATI-EDR Registro SAA-SP – Casa de Agricultura de Jacupiranga.
* Dr. Marcos Vilela de Magalhães Monteiro é engenheiro agrônomo e proprietário do Centro Brasileiro de Bioaeronáutica.