Agronegócio garante empregos na pandemia
Distanciamento social, home office e o ensino presencial remoto são novos hábitos que entraram na vida de muita gente. Mas algo que não mudou foi o consumo de alimentos, pelo contrário, até aumentou. Prova disso são os últimos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que indica o agronegócio como o único setor da economia brasileira que cresceu 1,9% no primeiro trimestre de 2020 em comparação ao mesmo período de 2019.
O professor Gustavo Yuho Endo, especialista em gestão em agronegócio na Unoeste, afirma que diante do cenário que o Brasil e o mundo estão vivendo, onde muitos setores estão sendo prejudicados pela Covid-19, o crescimento do agronegócio é um aspecto positivo e mostra que mesmo em épocas de pandemia o setor não está sendo impactado.
Nesse contexto, o professor visualiza um cenário positivo para os acadêmicos de agrárias ou para aqueles que almejam a formação superior em alguma graduação da área. “A evolução otimista desse segmento pode contribuir com a demanda por mão de obra qualificada. Inclusive tenho conversado com alguns colegas que trabalham em multinacionais do segmento de alimentos que estão vendendo bastante e cogitam aumentar a produção para conseguir atender a demanda de mercado”. Aproveita para destacar aos profissionais a importância de dar continuidade nos estudos com a pós-graduação, “para que estejam bem preparados para as mudanças que estão acontecendo devido ao cenário atual”, orienta.
Formada em 2010, a engenheira agrônoma Nathalie Yamashita, 32, trabalha na BASF na cidade de Piracicaba (SP). Ela conta que a multinacional de defensivos agrícolas é focada em inovação e possui um portifólio robusto para o cultivo de muitas culturas, sendo considerada uma das líderes no segmento. “Iniciei na posição de desenvolvimento de mercado focada no cultivo de cana, mas também com atuação no cultivo de soja e amendoim. Agora trabalho na área comercial atendendo uma das principais cooperativas do estado de São Paulo que lida com várias culturas e regiões. Entretanto, o meu trabalho está direcionado para a cana e a soja”.
Nathalie revela que não consegue nem pensar como seria a sua vida se não tivesse feito faculdade. “Sou grata à Universidade por toda a oportunidade que tive desde as aulas, os estágios, o contato com os professores e até os amigos que fiz. Hoje sou muito feliz com a minha profissão e não consigo me imaginar fazendo outra coisa. Trabalhar com agricultura num país como o Brasil, que é o celeiro do mundo, é muito gratificante. Acredito que a produção de alimentos, combustíveis e energia são atividades essenciais para população e é fundamental para o desenvolvimento da economia brasileira. Sou grata por viver nesse universo agro”, conclui.
Com diploma em Agronegócio, José Eduardo Brigatto, 33, formou-se em 2017 e já na graduação atuava na Agro Di Souza. Atualmente, ele é diretor comercial, responsável pelas vendas de batata-doce nos mercados nacional e internacional. “No primeiro trimestre comercializamos no Brasil e nos países do Mercosul e da Europa um total 500 toneladas, um aumento de 50% em relação ao ano passado”, diz.
Para ele, a formação universitária foi fundamental para o sucesso do negócio familiar. “O ensino superior foi um diferencial muito grande na minha carreira. Antes eu era muito tímido e isso me atrapalhava muito. As vivências proporcionadas pela graduação me estimularam e contribuíram com a expansão dos negócios da empresa”, diz.
O zootecnista Felipe Cesar da Silva Bacarin, 25, há seis meses trabalha como extensionista avícola na JBS Seara em Santo Inácio (PR). Conta que faz o gerenciamento de aproximadamente 25 aviários que totaliza 1 milhão de aves, distribuídas em dez propriedades. “Ofereço todo o suporte necessário ao avicultor que envolve desde os índices zootécnicos até a gestão de pessoas, oferecendo todas as orientações necessárias para os melhores retornos financeiros”.
Nesse momento de pandemia, afirma que a rotina se manteve com algumas alterações. “Estamos tomando todos os cuidados de higiene para garantir a nossa segurança e das pessoas com quem lidamos”, conclui.
O veterinário Murilo Ferreira Galliani, 27, trabalha na Associação Brasileira de Angus em Barretos (SP) há pouco mais de três anos. Conforme o último informativo da entidade, apesar da pandemia, houve um significativo aumento no volume de carne exportada. Comparando-se os primeiros quatro meses deste ano com mesmo período de 2019, houve um incremento da ordem de 73% em volume de exportações e mais 60% em crescimento do faturamento. Galliani é técnico de controle de qualidade do Programa Carne Angus Certificada que possui 18 empresas parceiras espalhadas em 11 estados do país.
“Acompanho todo o processo de abate dos animais nos frigoríficos parceiros avaliando diversos critérios, como a maturidade e o acabamento de carcaça. Aqueles que estiverem dentro dos critérios são certificados e os criadores recebem uma bonificação”, conclui o jovem.
Fonte original: Conexão Agro