Aumento na turbidez nos mananciais impacta custos com tratamento
Estimar o impacto que a qualidade de água nos mananciais tem sobre os custos de tratamento de água para a população. Esse foi o objetivo de um estudo desenvolvido no Programa de Pós-graduação em Economia Aplicada, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP).
De autoria de André Felipe Danelon, a pesquisa tem orientação do professor Humberto Francisco Silva Spolador, do departamento de Economia, Administração e Sociologia da Esalq e, na prática, foram testados diferentes indicadores de qualidade ambiental em um modelo econômico a fim de encontrar indicadores apropriados para tais análises econômicas-ambientais.
“Pelo nosso modelo, encontramos que a turbidez é um parâmetro significativo para esse tipo de análise. Esse resultado obtido é corroborado por outros trabalhos em diferentes países. Para o Brasil, estimamos que o aumento de 1% na turbidez média leva ao aumento de 0.12% nos custos”, conta o pesquisador
Segundo Danelon, estimar o impacto econômico da qualidade das águas nos custos de produção é uma oportunidade para avaliar uma série de custos ambientais associado à poluição dos mananciais que são, indiretamente, passados para a população através das contas de água. “Identificar apropriadamente tais indicadores é uma oportunidade para estimar como a emissão de esgoto não tratado, bem como o desmatamento pela expansão urbana e agrícola, afetam os custos de saneamento”, complementa.
Os resultados reforçam a importância de coletar dados sobre custos sanitários e qualidade dos mananciais para o aprimoramento de políticas públicas. “Especificamente, ressalta-se a importância em divulgar os pontos nos quais as companhias de saneamento captam água, bem como múltiplos indicadores de qualidade da água nesses pontos de coleta. Essas medidas são essenciais para aprimorar análises econômico-ambientais e fomentar políticas ambientais e sanitárias”, finaliza.
Turbidez nos mananciais
Esse parâmetro pode ser alterado por diferentes razões: erosão do solo (na ausência de mata ciliar), despejo de esgoto urbano e rural não tratado, resíduos de mineração. Há situações em que a turbidez é alterada naturalmente como em eventos de chuva e ventos fortes, que revolvem o fundo (sedimentos) do manancial, ou regiões em que a turbidez é naturalmente mais elevada como em alguns rios e riachos (por exemplo, alguns rios amazônicos ricos em material particulado em suspensão).
O estudo está publicado no periódico Ecological Economics, que tem elevado fator de impacto, 4.482, e classificação Qualis A1, máxima classificação na área de Economia. O artigo pode ser lido na íntegra aqui.
*com informações da assessoria de imprensa