Crise da Covid 19 pode ser oportunidade para Brasil se firmar como o grande fornecedor mundial de alimentos
Os impactos da crise causada pela emergência do covid 19 sobre o agronegócio brasileiros e as prováveis oportunidades para consolidar a posição do país como o grande supridor de alimentos e fibras, em um mundo convulsionado pela pandemia, foram a tônica do evento virtual que aconteceu na manhã de domingo (05/04), com a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina. O “webinar” foi promovido pela plataforma Agrosaber, e, além da convidada de honra, contou com a presença do CEO da Companhia das Cooperativas Agrícolas do Brasil (CCAB Agro), Jones Yasuda, do vice-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Alexandre Schenkel, do engenheiro agrônomo e professor Xico Graziano, entre outros convidados, além de participantes de destaque do público, como o ex-ministro da Agricultura, Blairo Maggi.
Para Tereza Cristina, a chegada da Covid 19 ao ocidente foi marcada, primeiro, pelo momento do pânico, e, depois, pelo movimento de retomada. “Nada será como antes. Tudo mudou, depois desse mês de fevereiro. Pouco antes da crise, tivemos uma reunião na Alemanha, durante a Semana Verde, com diversos ministros de Agricultura do mundo. Fico imaginando como, hoje, a pauta daquela reunião seria totalmente diferente”, lembra a ministra. Para ela, o Brasil tem na crise a oportunidade de se firmar como um fornecedor de alimentos e fibras confiável, sem deixar, primeiramente, de abastecer o mercado interno. “Somos autossuficientes em quase todos os produtos agrícolas, mas não podemos deixar de ser parceiros confiáveis daqueles com quem mantemos relacionamento comercial”, afirmou.
Questionada pelo CEO da CCAB, Jones Yasuda, sobre o papel do setor empresarial do agro neste previsto fortalecimento, Tereza Cristina respondeu que o momento é de “aproximar o setor agropecuário da sociedade e mostrar que, na hora em que a sociedade precisou, o agro estava lá, cumprindo o seu papel, não deixando que faltassem alimentos para os brasileiros. E continuou a produzir, já pensando na próxima safra”, disse. Tereza Cristina enfatizou, contudo, que também é necessário que o setor empresarial do agro acompanhe o direcionamento das demandas. “Temos de entender o que o mundo quer, pois mudanças significativas vão acontecer a partir de agora”, acrescentou.
De acordo com os dados apresentados pela ministra na entrevista, os impactos do coronavirus já podem ser vistos na comparação do primeiro trimestre de 2020 com o mesmo período do ano anterior. As exportações tiveram quedas expressivas para a América do Norte (-15,4%), América do Sul (-13,5%) e Oriente Médio (-27,8%), mas cresceram nos embarques para a Ásia (+10,7%) e Europa (+1%). Abrir novos mercados é uma meta para o Brasil, na visão da ministra. “Temos recebido muitos pedidos de informações para requerimento de novos certificados. Isso é um indicativo de que o mundo lá fora está preocupado e vê o Brasil como uma janela de oportunidades”, ponderou.
Em sua fala, Jones Yasuda elogiou o trabalho da ministra Tereza Cristina nos cerca de um ano e meio de sua atuação à frente da pasta, e também a importância da plataforma Agrosaber, promotora do encontro. “Esse é um fórum que tem foco na ciência e no conhecimento e que incentiva a interação entre cidade e campo, contribuindo para eliminar as distorções que prejudicam a imagem”, frisou Yasuda.
Como contribuição efetiva do agro ao combate da Covid 19 no Brasil, a ministra informou que a Embrapa, junto com o Mapa e a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), vão disponibilizar seus laboratórios para produzir os testes de Proteína C Reativa (PCR), considerados os mais eficazes para a detecção da infecção por coronavirus. “Temos um potencial de produzir em torno de 70 mil testes ao dia. É uma conquista”, celebrou.
Fonte: Grupo Cultivar