Dia do Agricultor: família carrega tradição do café há quatro gerações
Neste domingo, 28 de julho, é comemorado o Dia do Agricultor. A homenagem foi estabelecida em 1960 pelo então presidente Juscelino Kubitschek em alusão aos 100 anos do Ministério da Agricultura, pasta criada por Dom Pedro II, em 1860.
No período, o café era o produto de maior destaque no país. Entre 1822 — o início do Império — e o fim, em 1889, com a Proclamação da República, a participação total do grão nas exportações brasileiras passou de 20% para 60%.
Hoje, o Brasil é o maior produtor e exportador mundial da commodity e avança no plantio em 37 áreas no país, com diversos sistemas de manejo.
Produto que historicamente está atrelado à economia do país, o café também faz parte da rotina da família de Laís Leite há pelo menos 60 anos. É na região vulcânica de Minas Gerais, que abrange 12 municípios entre o sul de Minas Gerais e o nordeste de São Paulo, que foi fundada a Carmella, marca de café especial que surgiu durante o estágio obrigatório do curso de agropecuária de Laís, de 18 anos.
Criada há dois anos, a marca veio do sobrenome da família Carmo e “ella” por ter o olhar da mulher do campo a xícara. O café especial foi uma escolha para agregar valor ao produto final.
“Vendíamos o café como commodity, principalmente para cooperativas, aí depois, quando a gente descobriu o café especial, percebemos esse valor agregado, que é mais valorizado no mercado”, conta Sirlene Leite, mãe de Laís.
Como ensinamento à filha, Sirlene, que também é cafeicultora, indica para Laís que fique atenta às mudanças no mercado. “Estamos no que considero uma quarta onda do café, que seria a hora de fazer o café especial, com isso, passo para Laís que ela tem que acompanhar o mercado e o que está acontecendo hoje”, detalha.
A sustentabilidade também é uma novidade que Laís trouxe para a propriedade da família. “Implantei o mix de sementes para a agricultura regenerativa trazendo mais polinização, mais nitrogênio natural do solo, então nosso café é feito com adubação natural e defensivos biológicos”, explica a jovem agricultura.
Ela relata a paixão que têm pelo campo e demonstra um olhar curioso para lançamentos e novas formas de cultivo. Laís, que participa de eventos divulgando a marca, não pensa em deixar as lavouras de café.
Já fez o processo de sucessão e cuida com os pais da parte administrativa da fazenda. Para o futuro, ela cita o planejamento estratégico com práticas sustentáveis na propriedade de sua família, uma forma de reforçar a imagem da região vulcânica como território de cafés especiais, contou à reportagem.
Mas nem sempre foi assim. Na infância, Laís queria distância da produção. “Nasci debaixo da saia do pé de café, mas na verdade, eu nunca gostei. Eu não queria a realidade difícil que os meus avós e meus pais tiveram até conhecer o café especial”, declara.
Produção de café na região vulcânica
De solo vulcânico, conhecido por ser fértil, as altitudes das lavouras variam entre 700 e 1.300 metros na divisa entre São Paulo e Minas Gerais. Hoje, a região abriga 12 mil produtores, espalhados entre 65 mil hectares de terra, que geram cerca de 1,59 milhão de sacas de 60 quilos de café por ano, segundo a Associação dos Produtores do Café da Região Vulcânica.
Uma marca coletiva, os cafés produzidos na região possuem um selo próprio e rastreabilidade. Seus cafés especiais são descritos com aromas de frutas amarelas, caramelo e chocolate.
Fonte: Globo Rural