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História da Agronomia como profissão

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História da Agronomia como profissão

9 de dez de 2020 Artigos

Na história da civilização, três importantes períodos são chamados de “revoluções” por terem definido o curso do desenvolvimento da Humanidade: a revolução cognitiva, com início há cerca 70 mil anos, com a introdução da linguagem na comunicação, aquisição, manutenção e utilização de conhecimentos, a revolução agrícola, cerca de 12 mil anos atrás quando os homens deixaram de ser apenas caçadores-coletores e começaram a domesticar plantas e animais para seu sustento, e a revolução científica que começou há apenas 500 anos, com o despertar da pesquisa científica e com as inovações tecnológicas.

A revolução cognitiva se iniciou quando o Homo sapiens começou a se agrupar em pequenas tribos, contribuindo para a preservação e sobrevivência da espécie, explorando novos territórios na busca de alimentos e de maior segurança. Primeiras habilidades começaram a ser desenvolvidas e introduzidas em seus hábitos e a fazer parte da vida em comunidade. Na procura de novas oportunidades de sobrevivência, comportamentos começaram a evoluir de forma a se adaptar a novas situações e a diferentes habitats. A exploração de novos territórios se tornou uma vivência o que levou o Homem a se espalhar pelas diferentes regiões do globo terrestre.

Este período, de evolução cognitiva, que dentro de toda História do surgimento da espécie humana se estendeu por milhões de anos, tomou o tempo de 70 milênios e basicamente se caracterizou pela adoção, pelo Homem, da capacidade de transmitir informações aos seus semelhantes à sua volta, conduzindo ao aprendizado, à troca de experiências e à cooperação mútua entre grupos distintos. Mas ainda eram caçadores-coletores.

É no período Neolítico, ou Idade da Pedra Polida, que aparecem os primeiros cultivos e a criação de animais. A iniciação para o desenvolvimento da agricultura se deu pela escolha de sementes que pudessem dar origem a novas plantas, plantas estas selecionadas como aproveitáveis para a alimentação humana e outras utilidades.

A revolução agrícola foi um grande passo para o desenvolvimento da humanidade, quando então o Homo sapiens começou a manipular a flora e a fauna, a domesticar animais e a iniciar os primeiros cultivos com espécies vegetais que lhe trariam alimentos.

Estima-se que o emprego de sementes no plantio aconteceu de forma fortuita, próximo às habitações, onde deveriam ocorrer debulhas ou o preparo de cereais para uso culinário. A agricultura teria surgido nessas áreas já habitadas, fertilizadas por dejetos domésticos e de animais, sobre solos desmatados que não requeriam qualquer preparo.

As primeiras culturas relatadas se referem ao trigo, no Oriente Médio, seguido pelo cultivo da cevada, da ervilha, da lentinha, do grão de bico, e de espécies fibrosas. Indicações apontam que a agricultura variava de uma localidade para outra, assim como de uma época para outra, dando causa à utilizações de variados costumes alimentares pela variedade de espécies vegetais e animais domesticados. Em outras regiões aconteceram os primeiros cultivos de arroz, de milho e tubérculos.

Quanto aos animais domesticados, conhecido que o cachorro foi o primeiro deles, as primeiras criações foram de caprinos, suínos, ovinos, bovinos e asininos, entre 9.500 a 5.500 anos atrás.

Os primeiros instrumentos agrícolas eram manufaturados de pedras e galhos, aparados e afilados eram usados para rasgar o solo. Pedras lascadas se faziam como lâminas de corte e com a descoberta do uso do ferro as operações manuais se tornaram mais eficientes e precisas.

Com a descoberta da roda um grande salto foi dado no processo de locomoção e transporte dos produtos agrícolas. A prova mais antiga data de 3.500 a.C. para o surgimento da roda, mas acredita-se que já teria sido empregada em períodos muito mais remotos.

Das produções agrícolas se tiravam também muitos subprodutos, utilizáveis na fabricação de tecidos, calçados, peles para proteção pessoal, vasilhames de fibras, utensílios diversos de origem vegetal e animal e, ainda, outros aproveitados como fonte de energia. Com tal oportunidade, surgiram as primeiras obras de artesanato doméstico e de confecção de utilitários para os mais diversos fins.

A grande contribuição das práticas agrícolas foi a de induzir, e por natural necessidade, a criação de instrumentos e utensílios que pudessem auxiliar no cultivo do solo, na colheita e beneficiamento de produtos agrícolas, no seu transporte, na sua guarda e conservação. De início ferramentas rudimentares, manuais, auxiliavam no preparo do solo, até serem usados animais nas operações mais onerosas. A necessidade de produzir cada vez mais alimentos, para uma população que crescia e se especializava em vários ramos das atividades humanas incentivou o homem a inovar procedimentos para aumentar a eficiência de seu labor. Mas em seus primeiros milênios, a agricultura era especulativa.

A palavra Agricultura deriva dos prefixos latinos, ager, agri, que querem dizer campo, do campo, e da palavra cultura, que significa cultivo. A Agricultura é, portanto, a arte de cultivar os campos e domesticar os animais, com fim puramente utilitário.

As práticas de agricultura eram divulgadas com o passar das gerações. As experiências e tentativas foram os ensinamentos passados ao longo dos anos. Poucas inovações eram introduzidas nas práticas agrícolas. O enxofre e o piretro foram os primeiros defensivos introduzidos no controle de pragas. As ferramentas, que no início eram manuais em sua maioria, avançaram para contar com a tração animal para os trabalhos que exigiam maior esforço.

O aumento populacional, beneficiado pela obtenção de alimentos e produtos de origem animal e vegetal, de uma forma mais controlada e sustentável, embora ainda de forma rudimentar, exigiu o surgimento da organização social, adaptada e adequada a novas exigências e costumes dos povos que se espalhavam pelo planeta.

 A população que inicialmente se fixava nos campos, começou a se agrupar em pequenos núcleos familiares, onde a cooperação mútua assegurava maior rendimento dos trabalhos e, sobretudo, uma maior proteção. Entre os diversos grupos que se formavam iniciaram-se as trocas comerciais e a difusão do conhecimento humano, pela troca de experiências e de novas fontes de saber. Assim se formaram as primeiras aldeias e vilas. Conflitos e disputas os obrigaram a criar meios de proteção e de defesa, conduzindo à formação de funções especializadas entre os moradores desses agrupamentos, com funções distintas dos habitantes dos campos e produtores de alimentos.

A expansão da agricultura a todas as regiões do planeta não se deu, todavia, de forma homogênea, quer quanto ao seu tempo, quer quanto aos modelos adotados. Efeitos das diferenças técnicas, culturais e ecológicas, influenciaram a adaptação e domesticação de espécies de vegetais e de animais e com tais a introdução de habilidades e métodos de cultivo e criação. Grandes centros de formação na expansão agrícola são reconhecidos como sendo os do oriente próximo, o do centro americano, o chinês e o neo-guinense.

A agricultura permitiu o crescimento da população mundial e o surgimento de comunidades que se aproveitaram dos excedentes agrícolas, fomentando as relações comerciais e o surgimento de novas ocupações por parte dos habitantes. Grupos se fixavam em locais que lhe eram convenientes assim como outros se tornaram nômades, interligando grandes centros habitacionais.

As urbes se formam e se desenvolvem. Nos campos ficam os campesinos, os produtores de alimentos ainda a grande maioria da população. Com o passar dos milênios, a população foi crescendo pela maior quantidade de alimentos. Formam-se grandes cidades, surgem os reinos, aparecem os grandes impérios.

Os séculos antes da Idade Cristã conheceram o crescimento de técnicas empregadas na agricultura, resultados da experimentação humana e aproveitamento de recursos naturais, para a irrigação e fertilização do solo. A tração animal se tornou recurso indispensável em todas as atividades humanas, em especial na agricultura. A socialização começa a estabelecer regras pela necessidade de organização e de interação entre os indivíduos.

Seguindo o desenvolvimento da humanidade, as civilizações grega e romana, no ocidente, assim como a persa e chinesa no lado mais oriental, contribuíram para a elevação do conhecimento humano, ainda muito de forma empírica e muito influenciada por mitos e crenças populares. Os gregos elegeram Deméter como símbolo da agricultura bem sucedida, deusa da terra cultivada, das colheitas e das estações do ano. Era a protetora do trigo e das plantações. Os romanos veneravam Ceres, celebrando na primavera a época do ano em que a natureza se revelava em toda sua beleza e pujança.

Na idade média iniciou-se a era feudal, onde a organização política começou a influenciar diretamente na produção agrícola. Começou a era das grandes propriedades rurais, tanto dos senhores feudais como da igreja. Os pequenos agricultores usavam a prática agrícola para subsistência, para produzir alimentos, e os outros – senhores feudais e igreja – para dominação.

Inovações sempre iam surgindo ao longo dos tempos. Os conhecimentos de cultivo, de combate a pragas e moléstias, de armazenamento e conservação de produtos, de obtenção de conservas e derivados, de emprego de fontes de energia, do aproveitamento de subprodutos e da arte da culinária, foram se aperfeiçoando pela experimentação e adoção de práticas bem sucedidas. O grande avanço tecnológico se daria realmente no avanço da ciência, período a seguir.

Aproximadamente há pouco mais de 500 anos se deu a mais notável revolução do desenvolvimento da humanidade: a revolução científica. As grandes navegações levaram o Homem a buscar novas regiões do globo e para tal iniciaram estudos sobre a natureza, do céu e da terra, dos eventos que aconteciam, de suas causas e efeitos.  A pesquisa e os estudos de fenômenos foram despertados pela busca de respostas e de aquisição de novos conhecimentos. De início rudimentar, as primeiras observações conduziram à realização de experiências e na adoção de procedimentos que vieram a se constituir no método científico.

Assim, a Ciência passou a ser o marco para o desenvolvimento da Humanidade. Avançando nos estudos e experiências em Física, Química e Biologia, os resultados alcançados se refletiram em inovações tecnológicas. A eletricidade, a máquina a vapor, depois por combustão e em seguida elétrica, deram asas para a extensão territorial e de exploração dos recursos naturais, assim como a imprensa propiciou a difusão dos conhecimentos e a comunicação científica.

Se à época das grandes civilizações grega e romana alguns tratados surgiram sobre o cultivo de plantas para produção agrícola, é somente na idade média que realmente começaram a surgir estudos de botânica e de zoologia, trazendo novos conhecimentos para o aproveitamento dos recursos vegetais e animais como fontes de alimentos.

Perde-se na História a gênese dos relatos agronômicos, surgidos como resultados de observação e como indicações sobre o aproveitamento de espécies vegetais e de sua multiplicação. Os primeiros escritos são encontrados em séculos antes da idade Cristã, avançando o conhecimento entre os grandes pensadores da antiguidade, e se ampliando, cada vez mais, pelos mosteiros medievais da idade média. Esses primeiros documentos que tratam de agronomia, eram fruto da observação da natureza, um início da aplicação do conhecimento adquirido pela prática.

Na história do emprego do vocábulo agronomia, é encontrado em Atenas em meados de 1.300 a.C, que o encarregado da periferia agrícola da cidade era chamado de agronomos, caracterizando na época um magistrado com funções administrativas.

É com o desenvolvimento dos vários ramos científicos que encontramos a consolidação do termo agronomia como um deles, sendo mais observado que o uso desta palavra se fundamentou com a criação de diversas escolas que se especializaram em seu ensino.

A obra “Le théatre d’agriculture et mesnage des champs”, publicada em Paris em 1600, por Olivier de Serres, é considerada como o primeiro curso de agricultura, economia rural e científica escrita na França, onde é confirmado o têrmo agronomie.

Nesta obra Olivier de Serres, apresenta os primeiros estudos de maneira científica para a adoção de práticas agrícolas e o melhoramento de plantas de maneira experimental. Devido ao tratado que escreveu, que conteve 19 reedições de 1600 a 1675, Olivier de Serres é considerado na França como o pai da agronomia moderna.

Olivier de Serres, autodidata francês (1539-1619), nascido em Villeneuve-de-Berg, Vivarais, hoje Ardèche, falecido em 2 de julho de 1619, ao conhecer os primeiros escritos de autores antigos, apaixona-se pela agricultura e a partir de seus 20 anos começa a aplicar inovações em terras de sua propriedade localizada em Pradel, obtendo sucesso com a produção agrícola, o que chamou a atenção de nobres da época.

Em fevereiro de 1599, querendo de resgatar uma dívida do rei para com sua família, entra em contato com seu ministro, Maximilien de Béthune, futuro Sully, que o incumbe de estudar sobre o bicho da seda, o que o leva a publicar seu “Tratado da Colheita da Seda por meio da Alimentação dos Bichos que a Fazem”. Tal publicação é multiplicada e distribuída por todo reino francês, em vista de implantar a cultura da seda e evitar custosas importações. Por tal façanha, Olivier der Serres é convidado pelo rei a plantar amoreiras no jardim das Tuilerias.

A partir dessa obra, a agricultura inicialmente empírica e considerada como uma arte passou por acelerada evolução e tornou-se cada vez mais científica e moderna devido às inúmeras descobertas nos campos da Química, da Física e da Fisiologia.  No início do século XIX já se constituía como uma Ciência, complexa e pesquisada em muitas universidades, como um novo ramo científico e tecnológico: a Agronomia.

A palavra Agronomia deriva dos prefixos latinos, ager, agri, que significa campo, e da palavra nomos, que significa Ciências, leis. A Agronomia é a ciência que estuda as leis físicas, químicas e biológicas aplicadas aos solos, culturas e rebanhos com o objetivo de melhorá-los para o progresso das nações e bem-estar da humanidade.

Com esta composição da palavra, pode-se admitir que o termo “agronomia” só adquire sua expressão, em sua origem e significado plenos, com o desenvolvimento da ciência, não relegando a importância histórica de obras remotas aos grandes impérios latinos e os esboços de teorias sobre técnicas agrícolas existentes no período de transição do conhecimento medieval ao do renascentista. O “agro” foi o impulso para o desenvolvimento da humanidade e o “nomos” a inspiração para seu aperfeiçoamento.

A Revolução Científica impulsiona as grandes transformações industriais, incorporando novos conhecimentos e tecnologias que passam a exigir a formação de pesquisadores e técnicos especialistas, difusores e praticantes dos novos conhecimentos a serviço da sociedade. Dentro das Ciências surgem seus ramos: “Ciências Agrícolas” e “Ciências Agrárias”, a serem difundidas através do ensino agronômico a partir da primeira metade do século XIX.

Na fase de transição dos conhecimentos medievais para os da era científica, diversas obras contendo teorias baseadas em observações e experimentações sobre o uso do solo em vista de sua composição química, do emprego da água na irrigação, no comportamento de plantas sob uma análise fisiológica, no conhecimento de parasitas, de doenças e hospedeiros, em observações sobre tratos em animais e seus efeitos, enfim em tantos outros aspectos que vieram tomar parte das ciências agrícolas, surgem os primeiros sinais de desenvolvimento da agronomia como área de estudos e pesquisas.

A agronomia começa a se destacar com o método científico a partir do século XIX. As primeiras experiências são sobre o tema da nutrição de plantas e é quando Justus von Liebig (1803-1873) publica em 1840 a obra Die Organische Chemie in ihrer Anwendung auf Agrikulturchemie und Physiologie (A Química orgânica em sua aplicação à química agrícola e à fisiologia) considerado um compêndio, para a época, sobre química aplicada na agricultura. Tal obra chega a ser considerada como a precursora da moderna literatura agronômica e Liebig sendo o lançador da ciência agrícola e até mesmo considerado o primeiro agrônomo europeu. Todavia, Liebig não era agrônomo, mas sim, químico que aos 21 anos de idade se tornou professor na Universidade de Glessen, Alemanha se tornando um dos fundadores da Química Orgânica, chegando até a fórmula NPK e iniciando a era dos fertilizantes químicos.

O lançamento, cada vez maior, de obras apresentando estudos e pesquisas em ciências voltadas para a sua aplicação na agricultura, impulsionou a fundação de instituições de pesquisa agronômica e junto a elas a instalação de escolas especializadas em formar especialistas nessa área, se constituindo o novo ramo de ensino: o da agronomia.

De acordo com Baiardi (2017), o primeiro curso de agronomia a ser criado foi na França por volta de 1822, na província de Lorena, fazendo parte de uma fazenda experimental. Mas é em Grignon que o ensino agronômico, toma corpo e se avança na criação, em 1826, da Ècole Agricole Du Grignon, distante de 40 km de Paris. Outras duas escolas foram criadas, em Montpellier e Granjouan (depois formando a de Rennes), que unidas com a de Grignon passaram a entregar um diploma de engenheiro agrícola aos seus formandos. A partir de 1971, com a fusão da Escola de Grignom com o Instituto Agronômico Nacional, foi criado o Instituto Agronômico Nacional Paris-Grignon e em 2007 se funde com a Agro-ParisTech.

Com a própria Agronomia se consolidando como ramo científico e tecnológico e os cursos de agronomia se efetivando em vários países, a profissão de Agrônomo se institucionaliza. definitivamente como o especialista em práticas agrícolas.

O avanço científico foi penetrando em todas as atividades do trabalho humano, lançando inovações resultantes de pesquisas e experimentações que conduziam a maior rendimento de todas as operações industriais e de aproveitamento dos recursos naturais. Novas áreas do conhecimento foram sendo desbravadas e conquistadas para maior proveito de toda comunidade. Paralelamente, o ensino técnico acompanhava o desenvolvimento tecnológico, com a formação de profissionais cada vez mais especializados.

Novos conhecimentos sobre meteorologia, de química aplicada e fertilização, de hidráulica e manejo de solos e cartografia, de mecanização da colheita, do transporte, do processamento de produtos agrícolas, de sua estocagem e conservação, acompanhados pela adoção de políticas econômicas e de gerenciamento, foram criando disciplinas junto à rede de ensino profissional, exigindo serem ministradas como ciências aplicadas complementando o ensino das ciências básicas. O ensino politécnico surge com diferentes modalidades de modo a atender todos os setores de produção industrial.

No campo, ou em qualquer atividade em que fossem aplicadas as ciências agrícolas, as práticas exigiam conhecimentos além do ciclo produtivo que se estendessem por todas as fases dos processos de produção, pelos quais a produtividade e rentabilidade acompanhassem a demanda e o próprio progresso social e econômico. A agronomia incorpora as disciplinas da engenharia agrícola vindo a se constituir novo ramo da engenharia (4): a Engenharia Agronômica.

A partir do século XX, o ensino agronômico em vários países de origem latina passa a formar profissionais com o título de Engenheiro Agrônomo, sendo aindamantido o título Agrônomo.

Em resumo, a Agricultura é conhecida como tendo se iniciado há cerca de 10 mil anos antes da era Cristã, passando por várias modificações em suas práticas e resultados, mas é somente apenas a pouco mais de três séculos atrás, ou a partir do século XVIII desta era, que se institucionaliza a Agronomia, como ciência e como ramo profissional.

Como resumo obviamente não está encerrado o assunto sobre a Engenharia Agronômica como profissão. Muito ainda se pode dizer sobre sua evolução, sobre as tratativas para a institucionalização do ensino agronômico em nosso país, das questões sobre a grade curricular e da capacitação acadêmica, discussões envolvendo a definição do título do profissional quando graduado em Agronomia ou em Engenharia Agronômica, assim como o que colocamos como de suma importância para o conhecimento de todos profissionais deste ramo: a legislação pertinente para sua habilitação, seu registro e suas atribuições.

Assuntos estes que muito já se tem escrito e discutido.

Importantes considerações sobre as diversas fases em que passou a profissão se tornam referências e apreciações históricas sobre a evolução da Engenharia Agronômica, em especial no Brasil e também em outros países onde esta profissão tem o mesmo título. Provavelmente muito ainda há de ser debatido, reformulado e colocado em prática, considerando que em nosso mundo em evolução esta profissão está sempre acompanhando o desenvolvimento científico, econômico e social.

Em outra avaliação histórica, há de ser considerada a evolução do perfil profissional, uma vez que a divulgação e aplicação das inovações tecnológicas trazidas pela pesquisa e desenvolvimento científico, condicionadas pela necessidade de aumento da oferta de alimentos, de fibras e de energia para atender ao crescimento populacional, vem a exigir maior eficiência e empenho do profissional de Engenharia Agronômica, não lhe escapando a atenção na preservação dos recursos naturais, onde se encontram os verdadeiros compromissos e encantos desta profissão.

E é na sua História que comprovamos, em seus resultados, a sua razão e sua importância.

* Arlei Arnaldo Madeira é engenheiro agrônomo e ex-presidente da AEASP

(4)DEMÉTRIO, V.A. (USP. Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”),Histórico da criação das facul

dades de ensino da engenharia (Não publicado).

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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