Plantio direto: histórico sobre o sistema no estado de São Paulo
No Estado de São Paulo, os primeiros trabalhos com plantio direto foram realizados pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC) em cinco locais. As iniciativas, em 1943, reportavam o efeito da manutenção da palha na superfície do solo, no controle da erosão em plantios manuais. Também há registros de 1966, com o plantio de leguminosas em pastagens, utilizando uma semeadora John Deere na Estação Experimental do IRI em Matão, SP (Landers, 2000), segundo informa o engenheiro agrônomo Pedro Freitas no Projeto Plataforma Plantio Direto
*Os primeiros trabalhos com o Sistema Plantio Direto propriamente dito iniciaram-se em 1973, em Campinas e Pindorama, com o objetivo de avaliar a eficiência do SPD em controlar a erosão e no espaçamento entre terraços (Lombardi et al., 1991). Outros ensaios foram iniciados em 1979, no Vale do Paranapanema, coordenados por Orlando Melo de Castro e Sidney Rosa Vieira. Também no período de 1979-1982 na Fazenda Canadá, em Assis, foi realizado um experimento conduzido pelos pesquisadores Gastão Moraes Silveira et al., onde estudaram dois processos de semeadura direta e a convencional para as culturas de soja e trigo plantadas num mesmo ano, utilizando-se máquinas dotadas de enxada rotativa do tipo Rotacaster.
No ano de 1981, algumas experiências foram realizadas na cidade de Palmital (SP), pelo agricultor Jorge Calil, na Fazenda São Sebastião, com o plantio direto de soja em palha de trigo, por meio de semeadoras do tipo Rotacaster com enxadas rotativas. O resultado obtido não foi o esperado, pela sua falta de experiência, de herbicidas para o controle de ervas daninhas e também pelo baixo rendimento operacional das semeadoras. Em face dessa situação, o trabalho foi interrompido, porém serviu para estimular outros agricultores a buscarem alternativas para a implantação do SPD no município.
Já em 1982, por intermédio e orientação do engenheiro agrônomo José Caetano Sobrinho, de Marília, novas experiências foram realizadas na propriedade da família Tronco, denominada Fazenda Nossa Senhora Aparecida, onde se efetuou o SPD de trigo em palha de soja com uma semeadora do tipo TD 300. A iniciativa serviu para que agricultores locais aderissem ao SPD, tornando o município de Palmital referência na implantação da técnica no Estado e a maior área sob o SPD.
Para estimular o SPD no Estado de São Paulo, em 1983, o Centro Acadêmico Luiz de Queiróz e a ESALQ promoveram a Semana do Plantio Direto, que gerou a publicação do livro Plantio Direto no Brasil (Torrado e Aloisi, 1984). Em 1984, ainda por iniciativa da Fundação Cargill, foi publicado o livro Atualização em Plantio Direto (Fancelli et al., 1985).
Em 1989, foi realizado o 2º Encontro Paulista de Plantio Direto, em Assis, quando foi relatada uma área de 40 mil ha com o SPD (Fancelli 1989), predominantemente no Vale Paranapanema, pioneiros na adoção do sistema, motivados pela iniciativa de agricultores do Norte do Paraná.
Em 1998, durante a realização do V Encontro Paulista de Plantio Direto e do II Encontro Regional de Plantio Direto do Vale do Paranapanema, na cidade de Paraguaçu Paulista, onde estavam presentes membros da Diretoria da Febrapdp, inclusive o presidente Herbert Bartz, foi criada uma vice-presidência para o Estado de São Paulo, com a finalidade de estimular e fomentar a adoção do SPD em larga escala. Coube a mim ocupar esse cargo durante duas gestões.
A Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo, por meio do seu secretário, João Carlos de Souza Meirelles, e do chefe da Assessoria Técnica, Ricardo Pereira Lima da Carvalho, criou o Programa Estadual de Plantio Direto de São Paulo, visando à promoção de cursos de treinamentos, seminários, unidades de demonstração e o intercâmbio com outras regiões e que, juntamente com o Grupo de Plantio Direto, lançaram a publicação Plantio Direto na Palha – PDP, principal instrumento da sua campanha em prol do SPD. Em 1998, a estimativa era somente de 40 mil ha utilizando o SPD. Para 1999, o GPD concentrou seus esforços, lançando um Fundo Estadual de R$ 4 milhões para a aquisição de máquinas de PD, restrita a pequenos e médios produtores, tendo a área em São Paulo sob o SPD chegado a 500 mil ha.
Não obstante a todos esses avanços em relação à adoção do SPD no Estado de São Paulo, em 2000, quando da realização do 7º Encontro Nacional de Plantio Direto, a Secretaria da Agricultura de São Paulo enviou os técnicos da CATI, por meio dos EDRs, até Foz do Iguaçu, local do evento.
O 8º ENPDP foi realizado em 2002, na cidade de Águas de Lindoia, com sucesso, e o SPD tem sido adotado cada vez mais no Estado de São Paulo, em áreas de pastagens degradadas com ILP e também em áreas de cana-de-açúcar, diante da proibição da queima para a colheita.
Após a criação da vice-presidência para o Estado de São Paulo, participei de todas as gestões da diretoria da Febrapdp. Assim como meus colegas Leonardo Coda e Alfonso Adriano Sleutjes. Por três mandatos consecutivos, a presidência foi ocupada pelo engenheiro agrônomo Alfonso Adriano Sleutjes, da região de Holambra II – Campos de Paranapanema (SP).
*Por Benedito Hélio Orlandi, engenheiro agrônomo e presidente da Associação de Plantio Direto do Vale Paranapanema (APDVP) e vice-presidente (SP) da Federação Brasileira de Plantio Direto e Irrigação (Febrapdp)
* Fonte: Projeto Plataforma Plantio Direto – Engº Agrº Pedro Freitas.