Uma nova visão da agricultura para a Grande São Paulo
Toda a história do Estado de São Paulo baseia sua economia e seu progresso na agricultura: a cafeicultura foi o principal fator desencadeador do desenvolvimento acelerado da capital paulista no fim do século 19, transformando-se na metrópole global dos dias atuais – esse boom consolidou todo o crescimento do Brasil, influenciando hábitos, costumes e políticas da vida brasileira até a segunda metade do século 20, introduzindo ferrovias e trazendo mais de 4 milhões de imigrantes, a maioria vindos da Europa, no fim do século 19 e início do século 20; as pecuárias de corte e de leite evoluíram com a introdução de novas raças especializadas na produção de leite e carne; a laranja teve seu momento de glória no Estado, no declínio da cafeicultura; e, nas últimas décadas, neste início de século 21, a cana-de-açúcar tomou conta das terras do planalto paulista e se tornou palco de produção da maior matriz energética sustentável do planeta.
“A região metropolitana de São Paulo compreende 39 municípios e ocupa uma superfície de 805.300 hectares com uma população de mais de 20 milhões de habitantes – concentração demográfica acima de 2 mil habitantes/km2 – concentrando mais de 10% da população brasileira em menos de um milésimo do território nacional.” (Instituto Florestal)
O Cinturão Verde dessa grande metrópole foi declarado como ‘Reserva da Biosfera’ pelo simples fato de estar no entorno da décima maior cidade do planeta com baixíssimos índices de área verde por habitante.
A Floresta da Cantareira é o último refúgio verde da cidade de São Paulo, considerada a maior floresta urbana do mundo, com 5.647 hectares, possuindo uma rica amostra de toda a diversidade da Mata Atlântica. Foi criado o Parque da Cantareira em 1.893, podendo toda a população usufruir de sua beleza para fugir do meio caótico da selva de pedra.
A Ceagesp comercializa frutas, legumes, hortaliças, ovos, peixes, flores, pescados e plantas ornamentais; é constituída por comerciantes, produtores e compradores, sendo o maior local de entrada de produtos agropecuários para abastecimentos da grande metrópole.
Os parques, as praças, os jardins verticais, as árvores na calçada, a ambientação de condomínios, as pequenas hortas caseiras, os vasos
decorativos e o gosto natural da população pelo verde têm, ao seu contato, comprovadamente, diminuído seu estresse, ansiedade e depressão, minimizando sofrimentos e melhorando sua alegria e disposição.
Todo esse cenário histórico de convívio com o verde, a agricultura, a migração rural para a metrópole, a necessidade de alimentar essa população e a importância de dar maior qualidade de vida para todos os seus habitantes aproximaram as lavouras, mais ainda, desse centro urbano único.
Não bastasse isso, a arquitetura e a engenharia começaram a buscar integração das áreas verdes nos diversos projetos civis, pensando no bem-estar do ser humano e numa melhoria de sua vida por meio do contato com o verde, dentro da selva de pedra.
As empresas começaram a assumir sua responsabilidade social, agindo com propostas inovadoras de sustentabilidade.
Agrourbanismo é tudo isso e muito mais! E, para fazê-lo bem-feito na Grande São Paulo, é preciso a conscientização de políticos, de profissionais multidisciplinares em conjunto com a população do papel de cada um nesse cenário caótico, mas de vida pulsante.
Esse é o desafio da grande capital paulista.
*Ricardo Alves Perri é engenheiro agrônomo, professor mestre da Faculdade Cantareira nas disciplinas Planejamento e Controle da Produção e Biodiversidade na Agricultura